Contar uma trama que seja conhecida do grande público é preciso antes de mais nada criatividade. A Estrela de Belém aborda o período de nove meses anterior ao nascimento de Jesus. Como abordar a temática e envolver crianças ? Tendo um protagonista extremamente carismático, Tudo é projetado na tela de forma leve e com muito humor. Assim é a trajetória do inocente e esperto Bo. Um burrinho que tem como objetivo principal deixar de "andar em círculos". Ao escapar do estábulo, ele encontra Maria e percebe que precisa ajudá-la de alguma forma.
A animação é simples e especialmente voltada para os pequeninos. Os personagens são cativantes e a empatia é imediata. Bo conquista o espectador e no meio de sua jornada somos apresentados aos demais animais que o ajudam a descobrir o valor da amizade, lealdade e companheirismo. O roteiro de Simon Moore inverte o prisma de um contexto já explorado e nos transporta para a visão dos animais. Bo e Davi são grandes amigos e passam por situações que casam de forma criativa com o pano de fundo retratado. O excesso do humor e a forma como os vilões são abordados quebram o ritmo da trama. Nada que prejudique a experiência para o público infantil, mas a jornada do pequeno burrinho fica comprometida pela falta de desenvolvimento no arco mais denso do filme.
Toda abordagem da temática religiosa é feita de forma simples. Claro que durante o trajeto para Belém, o protagonista mais atrapalha do que ajuda. Confusões são feitas e desfeitas por Bo e os demais coadjuvantes. Mesmo que durante todo o filme o espectador já tenha conhecimento da trama, a criatividade ao explorar o olhar dos animais é o que deixa a previsibilidade de lado e cativa as crianças.
A trilha sonora reforça o sentimento envolvente de ternura que a trama necessita, mesmo que em alguns momentos esteja somente para compor a cena. Já sabemos o exato momento que uma música irá surgir para embalar a trajetória de Bo. O elemento narrativo que sobressai é o desenvolvimento do arco dos personagens, principalmente os coadjuvantes. O protagonista ganha força pelos amigos que encontra ao logo do caminho até chegar ao seu destino final. O destaque fica para a ovelha dócil e "carente" Ruth. A típica personagem que surge no meio do segundo ato e conquista o espectador. Os camelos ficam como meros figurantes na trama principal, apesar de terem função primordial no contexto religioso.
A Estrela de Belém envolve o espectador pelo carisma dos personagens, em especial, um burrinho trapalhão que leva consigo o valor da amizade e questionamentos importantes que são transmitidos de forma leve e divertida para o público infantil. Se importar com o próximo, o companheirismo de uma verdadeira amizade e reconhecer os erros. Um olhar criativo para uma trama cativante.
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