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O momento exato de parar (Carros 3)


Relâmpago McQueen retorna para mais uma temporada nas pistas e logo percebe o dilema que irá enfrentar: os veteranos estão aposentando e novos carros mais velozes com tecnologia avançada substituem os antigos. Por mais que o protagonista se esforce, o tempo passou. Uma indagação surge: fazer o que mais gosta ou saber o momento ideal de parar? Carros 3 explora esse dilema com altos e baixos.

A narrativa durante todo o primeiro ato resgata personagens antigos e foca principalmente na nostalgia que McQueen sente dos tempos em que era veloz e campeão. A trama enriquece com a presença de velhos companheiros do protagonista e a atmosfera nostálgica ganha o espectador. Os coadjuvantes dos filmes anteriores fortalecem a trama e impulsionam um propósito dentro do raso e previsível roteiro.

O que realmente prejudica o filme é o ritmo da narrativa e a falta de desenvolvimento no arco dos novos personagens. McQueen inicia um novo processo motivacional com a carismática treinadora Cruz Ramirez. Ela analisa os pontos fracos do protagonista para que ele supere alguns obstáculos internos e consiga competir com os carros mais novos. O protagonista inicia sua jornada totalmente inspirado em Rocky Balboa, com direito a um treinamento específico na praia. Para chegar ao seu destino, o personagem busca motivação no passado, mas o presente faz o roteiro cair na previsibilidade e em cenas totalmente desnecessárias. A viagem do protagonista até a Flórida é marcada por situações que quebram o ritmo da trama. Personagens são introduzidos sem propósito. Cruz e Relâmpago participam de uma corrida onde todo o ato e o arco dos personagens coadjuvantes poderiam ser facilmente retirados da trama. O segundo ato é um verdadeiro teste de paciência para o espectador.



Mesmo com o carisma de Cruz Ramirez que rouba todas as cenas em que aparece e consegue segurar boa parte da trama, ela definitivamente é o caso específico de coadjuvante que ofusca o protagonista, o filme demora consideravelmente para estabelecer um ritmo. Se o roteiro focasse somente no relacionamento dela com McQueen teria mais coerência. Apesar da previsibilidade do clímax, neste momento, Cruz já cativou o espectador e o filme busca novamente a atenção do espectador. 


Independente do motivo principal do estúdio em focar mais na bilheteria do que na história em si, Carros 3 ganha o espectador pela nostalgia e principalmente por uma coadjuvante que é a verdadeira protagonista. O trabalho de Cristela Alonzo é a alma do filme. A atriz consegue equilibrar emoção e dramaticidade para a simpática Cruz Ramirez. Uma novidade para a franquia que proporciona ritmo para a trama. Seria mais prazeroso para o espectador uma narrativa centrada em McQueen e Cruz. Carros 3 é um misto de nostalgia, com pitadas motivadoras de Rocky Balboa e um segundo ato dispensável. Assim como Relâmpago McQueen percebeu o momento exato para aposentar, o estúdio deve também refletir sobre a aposentadoria dos lucrativos carrinhos

Comentários

Unknown disse…
Excelente filme, para adultos e crianças. O êxito do filme se deve muito ao grande elenco que é bastante conhecido pelo seu grande trabalho. Em 2017 houve filmes de animação excelentes, mas meu preferido foi O Que Será de Nozes 2, você já viu? Muito interessante! O trailer foi a chave para captar o espectador, é uma das melhores do gênero. Eu adorei o que será de nozes o filme, acho que é uma boa opção para o fim de semana. Desde que vi o elenco imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos de Hollywood. O filme superou as minhas expectativas, realmente o recomendo.

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