Danny, ainda no
interior, não compreende o que sente por outros garotos de sua idade. Confuso,
sempre reprime seus sentimentos e até demonstra um sorriso forçado ao ver um
filme na escola sobre uma “doença” que pode ser contagiosa. Ele não sabe até
que ponto realmente está doente, pois acredita que o sentimento correspondido
por Joe Altman é verdadeiro. Após um encontro escondido,
alguns amigos descobrem a relação existente entre os dois e Danny é expulso de
casa.
No momento que o
garoto inocente do interior chega à Nova York, logo entra em contato com a dura
realidade que lhe espera. O preconceito intensificado, a intolerância e,
principalmente, a violência policial. Ele é acolhido pelo grupo de garotos que
vivem em um único cômodo e dividem as angústias e sofrimentos por simplesmente
lutarem para ter seus diretos garantidos como qualquer cidadão.
Os pais de Danny não
assinam os papeis necessários para ele poder ser aceito na faculdade de
Columbia. A situação fica cada vez pior e o jovem não vê outra alternativa:
para ganhar dinheiro precisa fazer programas. O refúgio do grupo é o bar
Sotenewall, onde o diretor reúne o protagonista e coadjuvantes. O elenco segura
a maior parte do filme, com destaque para Jonny Beauchamp e Vladimir Alexis, além,
claro, de Ron Perlman, o
coadjuvante de luxo que todo diretor gostaria de ter. O trio nos brinda com
interpretações cativantes e intensas. Apesar do núcleo de amigos do
protagonista beirar o caricato, esse aspecto não enfraquece a trama, pelo
contrário, a cada cena, sempre envolve ainda mais o espectador.
Os aspectos mais
interessantes de Stonewall são a direção de arte e a fotografia, que
trabalhadas em conjunto refletem o aprisionamento de Danny. A paleta de cores
mais clara está em destaque quando o adolescente ainda permanece e ao retornar
para a cidade natal. Os jantares em família e a escola são retratados com cores
mais vivas. A figura da irmã, a personagem mais interessante do filme e que
sempre esteve ao lado do irmão é o porto seguro de Danny. Todas as cenas dos
personagens são envoltas com paleta de cores claras. Já quando o protagonista
está em Nova York, a fotografia é mais escura, o reflexo claro do sofrimento
vivido por ele na cidade grande. A direção de arte ressalta o tormento
sentimental do personagem. As janelas, persianas e cômodos sempre fechados em
uma perfeita alusão à reclusão de Danny.
O que enfraquece
consideravelmente a trama é a atuação de Jeremy Irvine. Poucos são
os momentos em que o espectador sente o sofrimento do protagonista. A
interpretação é linear, o ator não consegue transmitir toda a intensidade
necessária para Danny. Nos momentos mais intensos, o ator carrega na
dramaticidade, nos mais sensíveis, não segura a emoção e perde completamente a
proposta do personagem. Uma pena, pois um papel com várias camadas dramáticas
poderia ser melhor explorado nas mãos de outro jovem ator que não tivesse a seu
favor às feições próximas de James Dean. Algumas cenas Jeremy tenta em vão
lembrar o andar do promissor astro de Hollywood, mas ainda tem um longo caminho
para percorrer até chegar aos pés do talento de Dean.
Stonewall é
importante porque ressalta uma temática atual que merecia ser retratada para
uma juventude que ainda sofre as consequências do preconceito, mas que graças
ao filme de Roland Emmerich pode
ter contato e saber mais sobre onde tudo começou.
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