Don´t Breathe é o título original do segundo filme dirigido por
Fede Alvarez. Mas qual seria a justificativa para a tradução brasileira ao
intitular o filme como O Homem nas Trevas? Nenhuma. O melhor é aceitar o
péssimo nome que o filme ganhou por aqui que dói menos. Afinal de contas, o
mérito do filme está todo nas mãos da direção de arte e condução do diretor
uruguaio, mas vale ressaltar que a tradução brasileira está cada vez pior. O
mais interessante (com muita ênfase na ironia) é o fato do poster conter o nome
original, não respire, e a tradução brasileira.
Deixando de lado as questões secundárias que devem ser apontadas,
o filme possui alguns méritos importantes mencionados acima. A direção de arte
reflete de forma competente a atmosfera claustrofóbica que o filme necessita
para gerar o suspense no espectador. Cada cômodo da casa é explorado pelo
protagonista como se fosse uma fortaleza em que somente ele tem o controle. A
trama ganha ritmo a medida que o trio de adolescentes resolve assaltar a casa
de um veterano de guerra cego. O que poderia ser um assalto corriqueiro, logo
ganha aspectos tensos e acompanhamos a terror vivido por eles. A casa é
constituída de cômodos pequenos e apertada para que os protagonistas tenham
onde se esconder. Claro, todo filme de terror tem um porão, que na ausência de
luz, reflete perfeitamente a angústia e o pânico dos personagens. As paletas de
cores escuras, com a predominância do verde e vermelho, também ressaltam a
violência e terror gerado na tela.
Fede Alvarez sabe conduzir a trama e a cada cena aumenta a tensão
no espectador. Com tomadas e ângulos diferenciados de câmera, o diretor explora
variados movimentos para que os personagens transitem no ambiente, e assim, o
ritmo do filme torna-se mais intenso. Mesmo com a previsibilidade dos
deslocamentos dos personagens e o zoom em objetos que posteriormente serão
utilizados em cenas importantes, o diretor consegue transmitir o
suspense na atmosfera da narrativa.
Infelizmente, Fede não consegue a mesma intensidade gerada nas
dinâmicas em cena com os intérpretes, especialmente com o ator Dylan Minnette.
Como Alex, ele expressa um terror desnecessário em diversas cenas. No começo do
terceiro ato, Alex fica na escuridão, se sua interpretação era questionável com
luzes, o que dizer quando o personagem está no escuro? As caras e bocas pioram
consideravelmente. O ator terá um longo caminho a percorrer, diferente de Jane
Levy que transmite a tensão no olhar, claro que exagera em alguns momentos, mas
a atriz aproveita a oportunidade e sabe fazer de Rocky a melhor personagem da
trama. Vale destacar além do esforço da atriz, o trabalho de Stephen Lang, seu
personagem apenas chamado de " o homem cego ", evidência na presença física, o
mistério necessário para a história. Você pode não se lembrar do nome, mas conhece o ator de um importante filme que revolucionou o 3D na tela
grande, ele interpretou Miles Quaritch, em Avatar. Ficaremos mais familiares
com a presença dele, pois teremos Avatar para as próximas três
gerações.
O ponto mais fraco de O Homem das Trevas (ainda inconformada com o
título) é o roteiro. Somos apresentados ao trio de forma rasa. O arco dos
jovens não é desenvolvido de forma consistente. O mesmo
acontece com o vilão que tenta justificar seus atos ao soltar frases
religiosas de efeito que somente geram ruídos na história. A impressão que fica
ao final do filme é que a atmosfera foi a principal preocupação, mas somente
ela não sustenta a trama. Era preciso ir além para que O Homem das Trevas
tivesse o verdadeiro potencial que poderia almejar.
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