O Roubo da Taça possui temas que podem agradar em cheio os
espectadores brasileiros: a paixão pelo futebol e a rivalidade entre Brasil e
Argentina. A trama gira em torno do protagonista Peralta, um corretor de
seguros endividado. Com a ajuda de Borracha, ele decide roubar a taça Jules
Rimet guardada no cofre da CBF e com o dinheiro da venda pretende quitar as
dívidas acumuladas em várias noites de jogos.
A história tem como principal
atrativo a direção de arte. Carros, figurinos e cenários enriquecem a mise in
scène . Todo o cuidado para ambientar o espectador de volta os anos 80. Outro
aspecto marcante é a paleta de cores escura, sempre evidente quando Peralta joga cartas ou está em sua casa. A paleta modifica nos cenários da delegacia e trabalho do
protagonista. Para causar a sensação de perigo e tensão, as cores escuras
também estão presentes nas cenas do roubo da taça. Toda a movimentação é filmada
em tons quentes, com predomínio do vermelho.
O elenco de O Roubo da Taça auxilia no humor da
narrativa. Paulo Tiefenthaler como Peralta entrega ao espectador um malandro
carismático que com uma boa lábia consegue vender seguros e de noite convence
amigos a lhe emprestar dinheiro para posteriormente perdê-lo em jogos. O
problema da construção do personagem é a dicção e a maneira de falar contínua.
Vários momentos quando o protagonista está mais exaltado, não fica nítido para
o público o término das palavras, o que prejudica na compreensão dos diálogos.
O ator que é figura constante como coadjuvante tem a chance de viver um
protagonista marcante. Apesar de beirar o estereótipo do malandro, Paulo consegue manter os
trejeitos de Peralta e cativar aos poucos o espectador. Taís Araújo nos
apresenta Dolores, uma manicure que auxilia o marido e nos momentos mais
difíceis, ela apresenta todas as soluções. Como não poderia faltar, Milhem
Cortaz, o gremilin do cinema nacional, você piscou, ele apareceu na tela, com um
investigador contido que tenta descobrir quem é o responsável pelo roubo da
taça também ganha o devido destaque. O elenco ainda conta com várias participações especiais sempre
enfatizadas pelo close da câmera nos atores.
A direção linear de Caíto Ortiz não distingue os momentos de ação para o espectador. Os movimentos de câmera são
mínimos e o filme tem a predominância de um ritmo mais lento. Algumas cenas acompanham a trajetória dos personagens, mas no
conjunto, o filme não inova nos planos ressaltando a direção simplória. O que
também acontece com o enredo que pretende levar ao espectador a trama de forma
simples e objetiva. A história explora ao máximo a questão da rivalidade entre
Brasil e Argentina, nos apresentando um contexto documental, com imagens de
arquivo da época enfatizada pela narração equivocada de Taís Araújo.
O Roubo da Taça tem seu maior triunfo na temática e simplicidade de Peralta que faz sua verdadeira aposta na malandragem para driblar
os percalços da vida. Estes são os elementos que cativam e causam forte empatia no
espectador.
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