Pular para o conteúdo principal

Primeiro foi Tubarão. E agora? Quando teremos um blockbuster de qualidade? (As Tartarugas Ninja - Fora das Sombras)



Primeiramente, vale destacar o significado da palavra Blockbuster: sua origem é inglesa, neste caso, o filme deve atrair um grande número de pessoas, a produção pode ser considerada exímia e com a função de obter um considerável sucesso financeiro. A sequência de  As Tartarugas Ninja se encaixa na definição acima ? Sim, como uma luva. Os heróis são conhecidos do grande público, o filme não possui obrigações em seguir um contemplamento maior, ou seja , puro entretenimento e tem como principal objetivo o lucro, não é por acaso que temos a continuação, já que o primeiro filme arrecadou em torno de 188 milhões só nos Estados Unidos. 

Na trama, os heróis fracassam ao impedir a fuga do vilão Destruidor que novamente aparece nesta sequência. Acrescente mais dois ajudantes: Rocksteady e Bebpo, personagens conhecidos dos quadrinhos e desenho animado. E ainda temos Krang que possui planos de invadir a terra. Um dos equívocos do filme (são inúmeros) é focar o roteiro nos vilões e não explorar corretamente cada um deles. A história fica cada vez mais confusa ao tentar inserir os vários personagens. Os ajudantes são literalmente cobaias de um experimento realizado pelo doutor Baster Stockman, que visa futuramente ter seu nome reconhecido. Não existe motivo aparente para o surgimento da dupla, eles somente estavam na hora e momento errado. As cenas cômicas são voltadas para ambos, mas não funcionam simplesmente por serem falas repetitivas e sem nenhum atrativo para o espectador. Se a trama focasse somente em um novo vilão, no caso específico, o alienígena Krang, faria mais sentido. Qual a razão de abordar novamente o personagem Destruidor? Ele já  foi explorado e teve seu arco construído no filme anterior. Sem mencionar que Megan Fox aparece com um motivo tão fútil fingindo ser uma repórter investigativa, para simplesmente mostrar mais uma vez seus dotes femininos e sensuais, isso com dez minutos de filme. 


O desenvolvimento e continuidade da história não auxiliam na compreensão do espectador. Não é porque estamos diante de um blockbuster que precisamos somente nos entreter é necessário o mínimo de coerência com o que é projetado na telona. As sequências das cenas não possuem continuidade, fruto da necessidade de ligar várias subtramas em uma trama maior. Se a história explorasse somente um local, Nova York , seria mais razoável e até compreensível. Qual a necessidade dos heróis virem até o Brasil? O motivo seria que no primeiro longa, a bilheteria no país foi grande e a equipe do longa prestou uma homenagem aos fãs brasileiros. Sim, mais uma vez não existe motivação aparente para eles buscarem as partes que faltam para ativar um portal que liga o planeta de Krang com a terra. Essas três partes poderiam estar em diferentes locais dos Estados Unidos. Péssima retratação de nosso país. Rocksteady e Bebpo aparecem devastando inúmeras árvores e o clímax na cachoeira é tão corrido que se o público piscar a cena já acabou.

Existe algo que faz o mínimo de sentido no filme: o questionamento de aceitação e união do grupo. O ego de Leonardo fala mais alto como líder e faz Rafael questionar sua importância para as tartarugas. Se o roteiro explorasse somente um vilão e esse aspecto, a trama seria mais enxuta e simples. Sem exageros. Ok, estamos falando de Michael Bay na produção do longa, exageros são marca registrada. Uma paleta de cores fortes, muito barulho e explosões!!! São tantos elementos presentes em uma cena que chega a deixar o espectador confuso sem saber onde direcionar o olhar e em qual elemento deve priorizar. O humor não funciona. Chega a ser um insulto mencionar Scarface em um filme de qualidade questionável.

E pensar que o termo blockbuster mencionado no começo da crítica surgiu no cinema com a estreia de Tubarão. Marco de bilheteria na época. Infelizmente, esta nova geração não pode dizer que teve um BLOCKBUSTER interessante, com roteiro conciso e história de qualidade. Tem que se contentar somente com uma sequência questionável de tartarugas saltitantes que de ninjas não tem nada.





Comentários

Paulo disse…
Não tem nada de bom no filme? Oba, vou ver esse entao.
Paula Biasi disse…
Paulo, eu até conseguir ver algo razoável na relação das Tartarugas e como elas precisam lidar e trabalhar em grupo!!!!

Postagens mais visitadas deste blog

Não, não é uma crítica (Coringa : Delírio a Dois)

Ok, o título estampado no cartaz é: Coringa: delírio a dois. Podemos criar expectativas que a continuação é um filme do Coringa, correto? Na realidade, o que Todd Phillips nos apresenta e faz questão de reforçar a cada cena é que temos o Coringa, porém, o protagonista é Arthur Fleck, um homem quebrado físicamente e mentalmente. Temos também Lee Quinzel, que projeta no outro um sentido na vida e começa a manipular Arthur, para que Arlequina venha à tona. Podemos refletir sobre a manipulação da personagem, ela inclusive reforça:"Não assisti ao filme vinte vezes, talvez umas quatro ou cinco. Quem não mente?". Mas dizer que ela é culpada pelas atitudes de Arthur/ Coringa? A coerência existe no fato da personagem possuir um transtorno mental e, por isso, justifica o desejo e manipulação. Agora, qual a necessidade de criar uma pauta inexistente? O grande equívoco talvez seja do próprio estúdio em não vender o filme como musical e gerar expectativas equivocadas no espectador. É um f...

Uma guerra que está longe de acabar (Um Estado de Liberdade)

O período era a Guerra Civil Americana e o fazendeiro Newton Knight foi convocado para lutar, mas vários questionamentos lhe inquietavam: Morrer com honra defendendo a Nação? Qual o objetivo da guerra? Quais eram as verdadeiras motivações? Após perder o sobrinho, Knight responde ao companheiro: "Ele não morreu com honra, ele simplesmente morreu." O protagonista leva o corpo do jovem para a mãe e a partir deste momento é considerado desertor. Determinado e ao mesmo tempo refugiado em um Pântano com escravos foragidos, o personagem torna-se líder de causas significativas: A independência do Estado de Jones, no Mississippi e a questão racial.  A narrativa peca em alguns aspectos no roteiro por explorar subtramas desnecessárias que desviam o foco da trama principal. A montagem prejudica o ritmo do filme ao enfatizar a história de um parente distante de Knight. O mesmo acontece com a primeira esposa do personagem, interpretada por Keri Russel. O núcleo familiar é aprese...

"Isso parece uma novela" (Bad Boys Para Sempre)

O começo de Bad Boys Para Sempre é basicamente um resgate do primeiro filme dirigido por Michael Bay. Mike e Marcus estão em um carrão em alta velocidade trocando ofensas e piadas enquanto percegue suspeitos. Além de todas as referências, a trama gira em torno de vingança, uma vingança mexicana. Sim, os vilões são mexicanos. Bandidos de um lado, policiais do outro e segredos revelados.  Will Smith sabe como lucrar na indústria, apesar de algumas escolhas equivocadas em projetos passados, Bad Boys Para Sempre parece uma aposta acertada do produtor. Desde o primeiro longa a química entre os atores é o que move a trama e na sequência da franquia não seria diferente. Martin e Will são a ação e o tom cômico da narrativa. Os opostos são explorados de forma intensa. Martin está mais contido com a chegada do neto e Will na intensidade de sempre. As personalidades se complementam apesar da aposentadoria momentânea de Marcus. Tudo ganha contornos diferenciados quando a família em to...