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Nem Chico salva !!!! (Em Nome da Lei)



Está tudo no lugar certo, no mais recente filme do diretor Sérgio Rezende, Em Nome da Lei. Nada contra em abordar um esquema de contrabando e tráfico de drogas, a temática é sempre interessante se analisada sob um ponto de vista divergente. Na trama o foco é o juiz federal Vitor (Mateus Solano) que tenta juntar provas para prender Gomez (Chico Dias) , o chefe que manda e desmanda na fronteira Brasil - Paraguai. Ele conta também com o auxilio do policial federal Elton (Eduardo Galvão) e da procuradora Alice (Paolla Oliveira), o que futuramente será seu par romântico, onde o espectador logo percebe a química de ambos, ou a falta dela.

Mas se tudo está no lugar certo, o que poderia dar errado? A opção do diretor em seguir padrões. Todos os personagens ganham um tom já mostrado em diversos filmes do gênero. Um juiz que em um primeiro momento permanece relutante em escutar os demais, o policial que tenta agir com perspicácia e sabe onde quer chegar e a procuradora firme em suas decisões. Tudo se encaixa no bom e velho filme policial. Com o decorrer da trama, o espectador já perdeu o devido interesse na história retratada, pelo fato de já ter visto a temática diversas vezes. O olhar divergente citado anteriormente não desperta a curiosidade do público, a consequência é afasta-lo cada vez mais da trama.

O roteiro é arrastado e repetitivo em diversos momentos o que torna o enredo cansativo. Não existe ritmo nas cenas e principalmente permanece um intenso vazio entre os diálogos, causando um desconforto constante entre todos os personagens da história. A sensação que se tem entre um vazio e  outro é o ator transmitir com o olhar para o seu parceiro de cena: "Ok, estou esperando sua fala. Não demore uma eternidade". O silêncio é necessário em determinados casos mas aqui só prejudicou ainda mais o andamento da trama. O que resta ao espectador ? Tentar acompanhar e encontrar algo que desperte seu interesse, talvez esse aspecto seja o tom leve e cômico gerado pelo personagem interpretado por Gustavo Nader. 

O gênero policial necessita estabelecer uma conexão imediata com o espectador para que esse acompanhe a trama. Em Nome da Lei consegue seguir os padrões, mas o primordial torna-se secundário, o interesse do público é o que menos importa. Infelizmente, neste caso, nem o imenso talento de Chico Dias salva!!! 


   


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