A grata surpresa do filme é não termos como protagonista Ricardo
Darín, nunca é demais vê-lo em cena, mas é igualmente prazeroso saber que o
cinema argentino pode contar com um ator desconhecido e que ele consegue
conduzir com competência a trama. Alan Sabbagh transmite a leveza necessária
para Ariel e assim cria uma empatia com o espectador. Em determinado momento
pode haver o devido questionamento: O que mais falta acontecer com ele? Como é
possível? Agora ele extrapola o limite da tolerância. Mas esse momento nunca
chega e cabe ao ator transparecer a calma em meio ao caos em que está inserido.
Uma pena que o roteiro e a direção não auxiliam em nada e
prejudicam o desenvolvimento da história. A base de O Décimo Homem é a relação
e o distanciamento de pai e filho, mas em nenhum momento eles se encontram para
o tão esperado ajuste de contas. Algumas cenas de flashback deixam o espectador
somente com uma pequena demostração do contato dos personagem. A trama ganharia
mais intensidade se os diálogos travados por telefone fossem mais profundos e
não somente com designações de tarefas que Ariel precisa executar. O filme
inteiro o protagonista literalmente corre de um canto para o outra da cidade
para satisfazer os pedidos mais inusitados do pai e mesmo nesses contatos os
diálogos são inacabados e não possuem interação para estreitar os laços
familiares.
A trama é narrada no decorrer de uma semana, os dias parecem anos tamanha a lentidão que é explorado o roteiro. O diretor Daniel Burman faz a opção de contar cada dia acompanhando os afazeres do protagonista e seus dilemas, mas esses não são explorados com calma e profundidade. Tudo é abordado de forma superficial. Ariel resolve problemas referentes a instituição de caridade que o pai gerencia e no meio tempo participa de alguns rituais voltados para a cultura judaica. Poucos momentos são explorados como um resgate da história pessoal do personagem, um olhar rápido em algumas fotos e nada mais. Não há momentos de reflexão e várias oportunidades são perdidas ao longo da trama. Outras sub tramas desnecessárias são inseridas no contexto que não acrescentam em nada no desenvolvimento do filme. Um assassinato sem explicação, um noivado que poderia ser excluído da história, personagens vazios rodeiam o protagonista sem nenhum propósito específico. O caso amoroso de Ariel poderia render uma história interessante, mas é interrompida sucessivas vezes com propostas simplesmente jogadas no roteiro.
O Décimo Homem teria todos os ingredientes para ser mais uma
película interessante na safra rica do cinema argentino , mas se perde em
meio a confusão e superficialidade do roteiro. Ao final da sessão o espectador
reflete: Não sei o que assisti . Uma comédia? Um drama ? Qual a proposta do
filme? A única certeza que ele constada depois de uma hora e meia é a
confusão estabelecida pelo roteiro em não conseguir centralizar a história.
Comentários
A comédia de erros é estabelecida de forma superficial e a aventura de Ariel como resolvedor de problemas fica chata e tediosa.
Foi, como conversamos, um dos piores (ou pior) filme argentino que eu já vi. Gostaria de ser convencido do contrário. Filme argentino ruim é quase um paradoxo