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Muitos personagens são o reflexo de um enredo vazio (Casamento Gregório 2)



Casamento Grego de 2002 era focado no choque cultural dos protagonistas e a adaptação de Ian (John Corbett) ao mundo da irreverente família de Toula (Nia Vardelos). Nesta sequência, Casamento Grego 2,  os conflitos mudam de geração, além de lidar com os costumes,  a filha adolescente, Paris, também precisa decidir qual universidade irá cursar. O filme ainda aborda o conflito entre o casal Portokalos, que depois de décadas juntos descobrem que não são oficialmente casados.   


O grande mérito da continuação é tirar o foco do casal protagonista e voltar a trama para Gus e Maria. Ambos conseguem repetir a sintonia presente no primeiro filme, agora com o devido destaque.  Michael Constantine faz seu personagem crescer cada vez mais em cena. A trama ganha o equilíbrio entre a comédia e o drama graças ao patriarca dos Portokalos. Outro assunto abordado é a dedicação de Toula com relação aos pais, já que esta percebe que ao longo dos anos a filha não necessita mais de seu amparo. Uma das melhores cenas do filme é o primeiro contato de Gus com o mundo virtual. O revesamento dos filhos ao ensinar o pai a pesquisar na web rende alguns momentos descontraídos. Fato raro no decorrer do filme. Já tia Voula é a força feminina da trama, os melhores diálogos são da atriz que transmite a sutileza sem carregar na caricatura.  


O problema da sequência é ter várias sub - tramas desnecessárias e pouco desenvolvidas. Claro, a família é numerosa e justamente por essa razão, não existe espaço no roteiro para explorar todos os personagens. Angelo esconde um segredo que só ele acha que está devidamente guardado, apesar de sua mãe, o irmão e o próprio espectador já saberem do que se trata. Uma das melhores personagens é a mãe de Maria. Muito sábia, ela aparece nos momentos certos para trazer leveza a trama. As confusões da família são o reflexo do roteiro que envolve todos os personagens e não desenvolve nenhum com a devida profundidade. A repetição de falas é extremante cansativa e monótona.  O pai é o foco principal, mas voltar a trama para uma provável crise conjugal de Toula e Ian, o conflito com a filha adolescente, a resistência de Maria ao questionar a importância do casamento tornam o roteiro repleto de clichês, onde o público já consegue visualizar todo o enredo antes mesmo de tudo acontecer. O que resta ao espectador? Se contorcer na poltrona de tédio para aguardar o final.  



Comentários

Unknown disse…
Acho que você pegou leve... uma comédia romântica que falha, em pelo menos dois terços do filme, tanto em fazer rir quanto em desenvolver uma história de amor merece uma nota baixa. E os personagens apresentados em tela são unidimensionais (falta do desenvolvimento que citou) e caricatos. O meio do filme beira ao tédio.

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