Pela forma como foi divulgada a nova produção de Lars Von
Trier já era esperado mais um filme polêmico para a coleção do dinamarquês.
Ninfomaníaca – Volume I, ser dividido em dois volumes não surpreende, o diretor
somente fez um filme cult para o circuito comercial. Primeiro, pela questão
lucrativa ( mais do que óbvia ), e segundo, por deixar em aberto uma história
que precisa ser contada para que o espectador reflita sobre o desfecho. O fato da história ser
“analisada” pela protagonista só aproxima mais o espectador do contexto que
poderia facilmente cair em um simples filme pornô. O personagem de Stellan Skarsgard, na posição
de ouvinte, instigando cada vez mais Joe, nos faz querer conhecer o que é
retratado. O fato de não julga-la auxilia no processo e crescente do filme. Logo no começo, o diretor
prioriza certos closes, o que fica fora do contexto, em seguida, prepara o
espectador como quem diz: não me subestime, você está vendo um filme de Lars Von Treir (dessa forma egocêntrica). A trilha sonora surpreende o público e
nos faz pensar realmente que estamos no lugar certo, sem equívocos.
Assistir a narração de Joe, sua infância até
a adolescência, seria cansativo mais o diretor mescla poesia e faz
conexões surpreendentes com relação ao ato sexual. O distúrbio da
personagem ganha tons poéticos (cena da partitura) ou um lado voltado para o humor
sarcástico (caso do mapa com nomes exóticos) , como a perfeita cena e
extremamente constrangedora de Uma Thurman. O ato sexual ganha
outras dimensões, que vão do puro asco, quando a personagem perde a virgindade
e afirma que nunca mais terá relações sexuais com outra pessoa, ou como uma
maneira de exprimir seus sentimentos pela morte do pai. Ninfomaníaca -
Volume I, não é puramente um filme sobre atos sexuais, ele vai além e nos faz
refletir sobre a fragilidade e o sofrimento do ser humano quando expõe seus
sentimentos mais intensos e verdadeiros.
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