Interessante perceber que em um universo repleto de
remakes, um filme estreia com tamanha intensidade e consegue
proporcionar certo alívio para o espectador. Alívio em termos, pois Killer
Joe não é um filme fácil de assistir. William Fredkin mostra
ao público algo raro na sétima arte, não há possibilidades de ficarmos
indiferente ao que é projetado na tela, independente da experiência positiva ou
negativa, o espectador sai da sala de cinema com um turbilhão de sensações.
A história gira em torno de uma família completamente desestruturada,
até que o filho mais velho decide contratar um matador de aluguel para
matar sua mãe e assim dividir o dinheiro do seguro com os demais parentes. Nada de inovador se não fosse
pelo roteiro extremamente intenso e que não poupa nenhum dos personagens. Todos
são imersos em um mundo intensamente caótico e logo no começo percebemos que a
experiência não será fácil. A sensação que fica é de que o diretor trava um
verdadeiro duelo com o público, onde nos questionamos: Será que consigo
assistir até o final? Existem momentos em que
espectador acredita vencer o combate, um sorriso desconcertante surge,
tudo graças à interpretação de Thomas Haden Church, perfeito no papel do pai
“dotado de pouca inteligência”, mas são raros esses momentos e logo o diretor
volta a duelar com o público.
O filme vale pela experiência de sensações que proporciona,
uma catarse constante para o espectador, tudo é extremamente cruel e nada é
camuflado. Todos os personagens estão expostos e vivendo ao extremo o caos da
situação. Quem ganha o duelo? Ambos, pois William Fredkin, com seus 77 anos,
consegue mostrar que existe vida independente no cenário hollywoodiano e o
espectador ganha um choque desconcertante e altamente reflexivo sobre a
vulnerabilidade do ser humano.
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