Filmes
que envolvem casais ou um determinado grupo de amigos da terceira idade são
cada vez mais recorrentes na sétima arte. O mais recente deles, Amour, nos
mostra a rotina de um casal e suas conversas corriqueiras após retornarem de um
concerto musical. Tudo ganha mais dramaticidade à medida que uma adversidade
toma conta da vida do casal. A mulher sofre dois derrames e começa uma longa
jornada de dependência com relação ao marido. Gestos que anteriormente eram
práticos, agora são demasiadamente desgastantes
para Georges e Anne.
Michael
Haneke nos mostra tudo de forma simples e objetiva mais com uma
intensidade que choca o espectador. Em determinado momento o marido indaga a
esposa se ela faria o mesmo por ele. Ela simplesmente responde: “Você não está
nesta situação”. A maioria dos diálogos são cortantes e precisos, assim o
espectador não consegue digerir facilmente o que está acontecendo. São
sucessivos os momentos intercalados de amor e sofrimento dos protagonistas.
Por causa de
uma promessa feita para a esposa, o marido não pode interná-la e uma casa
de repouso está fora de cogitação, a melhor solução seria um revezamento de
enfermeiras, mas o marido percebe que uma das profissionais não realiza o
trabalho de forma satisfatória e francamente diz: “Eu realmente espero que
você encontre alguém que lhe trate da mesma maneira que você trata os
pacientes”. Fica nítida a brutalidade com que ela "cuida” da personagem.
Momentos em que
o espectador por diversas vezes pensa: Eu já teria desistido há algum tempo.
Como ele consegue presenciar e sentir tanto sofrimento? O Amour do título é
refletido em diversas atitudes do marido, como em um ato de desespero, ele
começa a contar histórias da juventude para acalmar a pessoa amada, ou com um
simples toque em suas mãos, e assim, o espectador sente o mesmo alívio
raro vivido pela protagonista. O inevitável
acontece, mas como em todos os filmes de Michael Haneke o espectador
é brutalmente imerso nos conflitos dos personagens. Amour merece ser
intensamente contemplado!!!
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