Noite e Neblina é um documentário com duração de trinta e dois minutos que explora os horrores da Segunda Guerra Mundial, em específico, os campos de concentração nazista. A pequena duração é mais do que suficiente para fazer com que o espectador tenha contato com o que foi um dos piores genocídios mundiais. A proposta do filme de Alain Resnais é alternar imagens da guerra e pós-guerra. A atmosfera densa e fria das imagens em preto e branco contrastam com nascimento da grama verde viva, apesar dos arames farpados ainda permanecerem no local como uma terrível lembrança.
O roteiro de Jean Cayrol, poeta sobrevivente do holocausto, utiliza o recurso da narração para aproximar o espectador e o convida para ir além das imagens perturbadoras. Todo o sofrimento presente no documentário destaca os sentimentos vivenciados por Cayrol. Sobreviver a fome, doenças, frio, calor, desespero com um pouco de poesia. Encontrar leveza nas frases do roteirista é uma tarefa difícil para o espectador, pois as imagens são extremas e impactantes.
Para o espectador que está familiarizado com todo o contexto apresentado é impossível não se emocionar com os corpos esqueléticos empilhados como se fossem bichos. Para Hitler, os judeus e demais minorias eram comparadas à ratos. Um número tatuado e milhares deixaram de ser seres humanos, abaixo até dos roedores. Para o espectador mais jovem é um importante registro do que foi e do que ainda persiste em governos autoritários. O roteiro não destaca a ascensão e queda de Hitler. Acertadamente aposta no poder das imagens. Dentre os elementos narrativos, os destaques são a montagem e trilha. O ritmo é acelerado nas imagens mais impactantes e nas do pós-guerra, o espectador observa uma montagem mais contemplativa. Já a trilha surge como complemento às imagens mais vivas. Alain apresenta imagens intensas que provocam reflexão e ecoam de forma significativa no espectador.
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