O diretor Emiliano Cunha joga com as impressões do espectador e o envolve na busca por emoções ou na falta delas, através do olhar da introspectiva Amanda. A jovem pré- adolescente tenta lidar com os sentimentos, a distância emocional dos pais e a pressão das competições de natação. Ao mesmo tempo que a jovem esboça empatia por um colega de treino, cenas depois, ela o afasta por completo, para que Priscilla fique com ele. Dessa forma, o roteiro ao mesmo tempo que foca em sinais de empatia, nos alerta que outros sempre estiveram ali.
A atmosfera é densa durante toda a narrativa, com leves momentos típicos de adolescentes. Emiliano, que também assina o roteiro, nos apresenta uma adolescente observadora que tenta se enturmar. Alguns sorrisos surgem sempre acompanhados de atitudes que geram dúvidas no espectador. A protagonista é amável com a ajudante e distante da mãe. Além da competição da natação, também existe uma rivalidade interna com Priscilla. Ao mesmo tempo que Amanda machuca a amiga, em uma cena posterior, o diretor explora a interpretação da atriz suscetível pedindo desculpas. E, assim, o roteiro segue jogando com o espectador.
Os elementos narrativos auxiliam na atmosfera tensa do longa. É verdade que o tom vermelho poderia ser mais discreto. Como no caso do prendedor de cabelo e o maiô da protagonista. Alguns objetos cênicos já ressaltam a tensão. O figurino vermelho, o carro da família e a touca da protagonista. Todos evidenciam o olhar do espectador para o suspense. Enquanto o desing de produção e figurinos são explorados ao máximo no tom vermelho, a trilha é eficaz e pontual. Ela surge somente em cenas de mergulho quando a protagonista está só, para que fique mais intensa no momento oportuno. Um ótimo caso onde menos é mais.
No começo do longa, a protagonista está em posição fetal na piscina. Já na última cena, um laço familiar é desfeito. No mesmo local, a jovem toma atitudes drásticas e siginificativas que exclarem dúvidas que paíravam no ar. Emiliano brinca com o espectador, apesar de alguns exageros nos elementos narrativos. O diretor sempre foca a protagonista pensativa e extremamente só. Raia 4 mostra ao espectador que nem sempre as aparências enganam. Vale ficar atento aos sinais.
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