Para Minha Gata Mieze é um curta que preza pelo roteiro, atuações e direção de arte. O roteiro de Wesley Gondim prende o espectador com várias reviravoltas. Algumas previsíveis. Manter a tensão durante todo o curta faz a previsibilidade ficar pequena perante os demais elementos narrativos. O fato do personagem de Sérgio Sartório ser homofóbico fica nítido nos primeiros minutos do curta. Mas a tensão crescente na figura do ator envolve o espectador deixando a previsibilidade em segundo plano. O mesmo acontece quando a sobremesa é servida. O roteiro consegue envolver o espectador durante todo o curta. A tensão é constante e necessária para o desfecho, esse sim, nada previsível.
A direção de arte empresta para o curta um aspecto sofisticado, mesmo que o diretor enfatize um plano detalhe em um objeto com vinho como referência clara para o sangue proposto nas demais cenas, os objetos cênicos proporcionam uma atmosfera tensa, mesmo com o plano detalhe previsível. As cores do apartamento são frias com predominância para o cinza. Frieza por todos os cantos e o aspecto simétrico interessante em vários objetos transmite para o espectador um pouco da personalidade do trio.
As atuações são a chave em Para Minha Gata Mieze. O diretor capta com intensidade e frieza as atuações do trio. A sugestão de que algo vai acontecer a qualquer instante envolve o espectador. Toda a tensão é proposta no olhar e no jogo da mise-en-scène, em especial, na cena do jantar. As reviravoltas também são sentidas pelo espectador graças às camadas propostas pelo trio. Para Minha Gata Mieze é um curta que preza pela sofisticação e tensão, mas o que realmente salta aos olhos é a mensagem de homofobia e as consequências de quem é vítima do preconceito.
*Curta exibido na Mostra Brasília do 51° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
* Prêmio: Melhor Roteiro
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