Pular para o conteúdo principal

O embate entre o moderno X o tradicional (#UberXTáxis)


O mais recente longa metragem do diretor Maurício Alves da Costa, #UberXTáxis amplia o detabe sobre os conflitos entre motoristas de táxis e do aplicativo Uber. Será que a nova ferramenta virtual é realmente mais eficiente? Quais as vantagens e desvantagens do aplicativo? É seguro trabalhar para esse novo segmento do mercado? Muitas questões são ressaltadas no documentário que tem como pano de fundo a Capital Federal.

Nos primeiros minutos de #UberXTáxis, o diretor relembra o espectador da manifestação e indignação de vários taxistas em frente ao Congresso Nacional. Ao dar voz para alguns personagens, Maurício inicia o documentário com um ritmo mais pulsante. A revolta de trabalhadores que dedicaram quase duas décadas de serviços e contribuições para o Estado e que do dia para noite tiveram o seu sustento ameaçado pelo novo aplicativo eleva a dramaticidade do filme. 


Além da empresa Uber, também são entrevistados personagens ligados aos aplicativos Cabify e 99. Seria interessante se o debate fosse restrito somente ao Uber. Ampliar o debate com demais visões é relevante, mas estende a duração do longa. Outro fator que prejudica o documentário é o excesso de informações em tela alternando com a fala de alguns personagens. O choque visual quebra a continuidade das entrevistas, mesmo que a informação mostrada reforce o argumento do entrevistado. O ideal seria continuar com a proposta da narração ou as opiniões de internautas via twitter separadamente. 

O longa cresce com o confronto direto de ideias entre os deputados distritais, Professor Israel (PV) e Chico Vigilante (PT). Israel é a favor da modernidade e lazer que a empresa Uber proporciona aos usuários. Já Chico Vigilante é radicalmente contra por ressaltar que os taxistas possuem o respaldo do governo e que a Uber não proporciona segurança para quem a utiliza. Próximo do desfecho os personagens proporcionam ao espectador um debate rico que reforça as qualidades e defeitos de ambos. 

#UberXTáxis lança um olhar necessário sobre as vantagens e desvantagens do recente aplicativo.  Será que realmente teremos uma solução para o problema de locomoção urbana no país? O documentário instiga o espectador e proporciona uma reflexão mais ampla sobre a temática. É o embate entre o moderno X o tradicional.


Crédito das fotos: arquivo pessoal do diretor.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Entretenimento de qualidade (Homem-Aranha no Aranhaverso)

Miles Morales é aquele adolescente típico que ao grafitar com o tio em um local abandonado é picado por uma aranha diferenciada. Após a picada, a vida do protagonista modifica completamente. O garoto precisa lidar com os novos poderes e outros que surgem no decorrer da animação. Tudo estava correndo tranquilamente na vida de Miles, somente a falta de diálogo com o pai o incomoda, muito pelo fato do pai querer que ele estude no melhor colégio e tudo que o protagonista deseja é estar imerso no bairro do Brookling. Um dos grandes destaques da animação e que cativa o espectador imediatamente é a cultura em que o personagem está inserido. A trilha sonora o acompanha constantemente, além de auxiliar no ritmo da animação. O primeiro ato é voltado para a introdução do protagonista no cotidiano escolar. Tudo no devido tempo e momentos certos para que o público sinta envolvimento com o novo Homem-Aranha. Além de Morales, outros heróis surgem para o ajudar a combater vilões que dificultam s

Um pouquinho de Malick (Oppenheimer)

Um dos filmes mais intrigantes que assisti na adolescência foi Amnésia, do Nolan. Lembro que escolhi em uma promoção de "leve cinco dvds e preencha a sua semana". Meus dias foram acompanhados de Kubrick, Vinterberg e Nolan. Amnésia me deixou impactada e ali  percebi um traço importante na filmografia do diretor: o caos estético. Um caos preciso que você teria que rever para tentar compreender a narrativa como um todo. Foi o que fiz e  parece que entendi o estudo de personagem proposto por Nolan.  Décadas após o meu primeiro contato, sempre que o diretor apresenta um projeto, me recordo da época boa em que minhas preocupações eram fórmulas de física e os devaneios dos filmes. Pois chegou o momento de Oppenheimer, a cinebiografia do físico que carregou o peso de comandar a equipe do Projeto Manhattan,  criar a bomba atômica e "acabar" com a Segunda Guerra Mundial. A Guerra Fria já havia começado entre Estados Unidos e a Alemanha, no quesito construção da bomba, a ten

Rambo deseja cavalgar sem destino (Rambo: Até o Fim)

Sylvester Stallone ainda é o tipo de ator em Hollywood que leva o público aos cinemas. Os tempos são outros e os serviços de streaming fazem o espectador pensar duas vezes antes de sair de casa para ver determinado filme. Mas com Stallone existe um fator além da força em torno do nome e que atualmente move a indústria: a nostalgia. Rambo carregava consigo traumas da Guerra do Vietnã e foi um sucesso de bilheteria. Os filmes de ação tomaram conta dos cinemas e consagraram de vez o ator no gênero. Quatro décadas após a estreia do primeiro filme, Stallone resgata o personagem em Rambo: Até o Fim. Na trama Rambo vive uma vida pacata no Arizona. Domar cavalos e auxiliar no trabalho da policial local é o que mantém Rambo longe de certos traumas do passado. Apesar de tomar remédios contralodos, a vida beira a rotina. O roteiro de Stallone prioriza o arco de Gabriela, uma jovem mexicana que foi abandona pelo pai e que vê no protagonista uma figura paterna. No momento em que Gabriela d