Pular para o conteúdo principal

Entretenimento focado em referências (Um Espião e Meio)


Logo no início de Um Espião e Meio as referências são evidentes ao retratar a adolescência dos protagonistas. Muito próxima da linguagem narrativa utilizada em Anjos da Lei com Jonah Hill e Channing Tatum, o universo escolar é abordado pelo contraste de características dos personagens. Dwayne Johnson vive o agente da CIA, Bob Stone que no passado sofria bullying por estar cima do peso, as cenas do protagonista na adolescência são próximas as da filha de Bela na Saga Crepúsculo. A montagem com o rosto do ator em um corpo diferente é , no mínimo, questionável. Kevin Hart vive Calvin Joyner, sempre conhecido como Foguete Dourado, o  mais popular na juventude . Após 20 anos, ambos se reencontram e fica evidente que um ajudará o outro a desvendar uma trama repleta de clichês.  

O filme aposta na química da dupla, mesmo que esta não funcione a maior parte do tempo. Individualmente os atores possuem carisma suficiente para segurar os protagonistas, mas quando estão juntos a trama ganha um aspecto diferenciado perdendo o ritmo. Kevin Hart rouba a maioria das cenas, pois domina o campo da comédia e o diretor Rawson Marshall explora ao máximo o lado cômico do ator. Já Dwayne Johnson carrega muito no tom estereotipado de Bob Stone, assim o filme fica cansativo a partir do momento que nos familiarizamos com o agente, apesar da empatia  natural provocada por The Rock. A perda de ritmo mencionada anteriormente também pode ser justificada pela edição da trama. Kevin não confia plenamente em Bob e a cada dúvida sugerida, o filme explora uma pausa que prejudica o andamento da narrativa. O que poderia ter um aspecto de clímax acaba perdendo força a cada revelação. 


O roteiro foca em uma trama central, mas volta com flashbacks para o trauma vivido em consequência do bullying sofrido pelo protagonista. Os arcos dos personagens se perdem no contexto geral do filme e o enredo não explora devidamente as subtramas. No segundo ato, em decorrência da confusão vivida por Calvin, que não sabe ao certo se fica do lado de Bob ou dos demais agentes da CIA, a história poderia ganhar agilidade, mas nem mesmo as cenas de ação prendem o espectador. 

No terceiro ato, não há motivação para o desfecho que apresenta a mesma história com diferentes pontos de vista ao tentar despertar o interesse no público. A justificativa ainda centraliza na questão do preconceito, uma motivação banal para desviar o foco da trama principal. Um Espião e Meio também conta com participações especiais de Jason Bateman e Aaron Paul. Os personagens de ambos são destaque, mas aparecem em momentos equivocados, somente reforçando os clichês presentes ao longo da história. O riso é inevitável quando Phil solta a pérola bitch, uma referência clara à série Breaking Bad. 

Um Espião e Meio alcança sua proposta ao provocar o riso leve e fácil no espectador, mas peca pela falta de ritmo para um filme do gênero. A ação fica confusa e perdida em cena. Se o único objetivo era o entretenimento motivado pela diversão com piadas, muitas repletas de referências aos filmes específicos dos anos 80, o filme pode até valer o investimento do ingresso.   

Comentários

Unknown disse…
Adorei! Eu adoro ver Jason Bateman participando de filmes, sigo muito o trabalho deste ator, sempre me deixa impressionada em cada nova produção. O elenco deste filme é ótimo, eu amo tudo onde Jason Bateman aparece, o ultimo que eu vi foi em um dos melhores filme de suspense 2018 chamado A Noite do Jogo, adorei esse filme! De todos os filmes que estrearam, este foi o meu preferido, eu recomendo, é uma historia boa que nos mantêm presos no sofá. É espetacular. Pessoalmente eu acho que é um filme que nos prende, tenho certeza que vai gostar, é uma boa história. Definitivamente recomendado.

Postagens mais visitadas deste blog

Não, não é uma crítica (Coringa : Delírio a Dois)

Ok, o título estampado no cartaz é: Coringa: delírio a dois. Podemos criar expectativas que a continuação é um filme do Coringa, correto? Na realidade, o que Todd Phillips nos apresenta e faz questão de reforçar a cada cena é que temos o Coringa, porém, o protagonista é Arthur Fleck, um homem quebrado físicamente e mentalmente. Temos também Lee Quinzel, que projeta no outro um sentido na vida e começa a manipular Arthur, para que Arlequina venha à tona. Podemos refletir sobre a manipulação da personagem, ela inclusive reforça:"Não assisti ao filme vinte vezes, talvez umas quatro ou cinco. Quem não mente?". Mas dizer que ela é culpada pelas atitudes de Arthur/ Coringa? A coerência existe no fato da personagem possuir um transtorno mental e, por isso, justifica o desejo e manipulação. Agora, qual a necessidade de criar uma pauta inexistente? O grande equívoco talvez seja do próprio estúdio em não vender o filme como musical e gerar expectativas equivocadas no espectador. É um f...

Uma guerra que está longe de acabar (Um Estado de Liberdade)

O período era a Guerra Civil Americana e o fazendeiro Newton Knight foi convocado para lutar, mas vários questionamentos lhe inquietavam: Morrer com honra defendendo a Nação? Qual o objetivo da guerra? Quais eram as verdadeiras motivações? Após perder o sobrinho, Knight responde ao companheiro: "Ele não morreu com honra, ele simplesmente morreu." O protagonista leva o corpo do jovem para a mãe e a partir deste momento é considerado desertor. Determinado e ao mesmo tempo refugiado em um Pântano com escravos foragidos, o personagem torna-se líder de causas significativas: A independência do Estado de Jones, no Mississippi e a questão racial.  A narrativa peca em alguns aspectos no roteiro por explorar subtramas desnecessárias que desviam o foco da trama principal. A montagem prejudica o ritmo do filme ao enfatizar a história de um parente distante de Knight. O mesmo acontece com a primeira esposa do personagem, interpretada por Keri Russel. O núcleo familiar é aprese...

"Isso parece uma novela" (Bad Boys Para Sempre)

O começo de Bad Boys Para Sempre é basicamente um resgate do primeiro filme dirigido por Michael Bay. Mike e Marcus estão em um carrão em alta velocidade trocando ofensas e piadas enquanto percegue suspeitos. Além de todas as referências, a trama gira em torno de vingança, uma vingança mexicana. Sim, os vilões são mexicanos. Bandidos de um lado, policiais do outro e segredos revelados.  Will Smith sabe como lucrar na indústria, apesar de algumas escolhas equivocadas em projetos passados, Bad Boys Para Sempre parece uma aposta acertada do produtor. Desde o primeiro longa a química entre os atores é o que move a trama e na sequência da franquia não seria diferente. Martin e Will são a ação e o tom cômico da narrativa. Os opostos são explorados de forma intensa. Martin está mais contido com a chegada do neto e Will na intensidade de sempre. As personalidades se complementam apesar da aposentadoria momentânea de Marcus. Tudo ganha contornos diferenciados quando a família em to...