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Mostrando postagens de 2019

Quando o ego é o lado negro da força (Star Wars: A Ascensão Skywalker)

Quando J.J. Abrams deu início ao que seria uma trilogia dirigida com uma visão totalmente própria, o diretor não contava que seria substituído por Rian Johnson no segundo longa. Os rumos foram modificados no meio do caminho, mas o lado forte da força sempre falou mais alto após Os Últimos Jedi: o apelo dos fãs moveria o desfecho da Saga. No primeiro longa, O Despertar da Força, J.J. entregou o que os fãs queriam: um trio de protagonistas e um jovem tomado pelo lado negro da força. Em 2015, uma boa parte dos fãs não aceitou muito bem o protagonismo de uma mulher. A protagonista era o que a franquia necessitava para seguir os rumos tomados pela indústria na questão do empoderamento feminino. Apesar da reação negativa, J.J. resgatou o imaginário dos fãs com o retorno de personagens clássicos. Praticamente todos voltaram e o arco da jovem Rey cresceu. O primeiro filme da nova Saga teve uma aprovação de 83% no Rotten Tomatoes. Fãs parcialmente satisfeitos. Em 2017, J.J. deixa a dir

A humanidade e o nome (O Caso de Richard Jewell)

Clint Eastwood é um diretor que explora ao máximo a humanidade dos personagens em sua filmografia. Em O Caso de Richard Jewell não seria diferente. O diretor opta por evidenciar ao máximo a personalidade do protagonista. Richard mora com a mãe e trabalha em um almoxarifado. O tempo passa e ele consegue um emprego como segurança na parte voltada para o entretenimento nos jogos olímpicos de Atlanta. O olhar atento de Richard percebe uma mochila suspeita em baixo de um banco. O local está repleto de pessoas e ao avisar a polícia, o protagonista consegue não somente evitar a morte de várias pessoas, como torna-se um verdadeiro herói. Se Richard não avisasse sobre a bomba o estrago teria proporções avassaladoras. O olhar de Clint ressalta a transição do protagonista de herói em vilão. Toda a tensão é transmitida para o espectador.  O roteiro de Billy Ray auxilia no olhar terno de Clint ao explorar a humanidade de Richard durante os atos na narrativa. O foco é em uma falsa passividad

Uma metralhadora falante (Minha Mãe é Uma Peça 3)

Dona Hermínia retorna para o fechamento de um ciclo e tenta superar a síndrome do ninho vazio. Os filhos quase não aparecem para visitar e a protagonista se vê extremamente só. O passa tempo predileto é mudar de mala e cafezinho para a portaria do prédio. Para uma pessoa hiperativa a solidão é a pior companhia e a idade trás consigo algumas limitações físicas. Dona Hermínia já não dança como antigamente e a nostalgia insiste em trazer lembranças dos filhos ainda pequenos. Juliano vai casar e Marcelina vive a experiência da maternidade. Tudo ao mesmo tempo e com uma boa dose de humor. Paulo Gustavo intensifica o papel que marcou sua carreira e por esse motivo está mais solto ao interpretar Dona Hermínia. O ator parece desfrutar da zona de conforto que a personagem lhe proporcionou ao longo dos anos. A dona de casa que possui uma metralhadora no lugar da boca ganhou o espectador. No desfecho da trilogia, o ator que também é responsável pelo roteiro apresenta ao público novas inda

A contribuição de cada elemento narrativo (A Batalha das Correntes)

Com uma temática que poderia facilmente prejudicar o ritmo da narrativa, o duelo pela descoberta da eletricidade, o filme A Batalha das Correntes, ganha o espectador pela junção dos elementos narrativos. A direção e fotografia proporcionam ao filme a agilidade necessária para que o espectador além de compreender os fatos com um toque de romance, não sinta o ritmo pesar. A alternância de planos e enquadramentos auxilia de forma precisa na imersão do público na batalha de egos entre Thomas Edison e George Westinghouse. Existe o predomínio do close quando algumas reviravoltas surgem. O ritmo fica mais contemplativo com relação ao arco familiar dos protagonistas com as respectivas esposas, mas mesmo na contemplação o diretor Alfonso Gomez-Rejon mantém a variação dos planos e enquadramentos.   Existe o duelo das palavras, porém o duelo que sobressai é o dos atores Benedict Cumberbatch e Michael Shannon. São atuações minimalistas que beiram a tensão em cada cena. Shannon é um ator qu

Previsibilidade familiar (Feliz Aniversário)

Com o surgimento do movimento Dogma (95), Thomas Vinterberg inspirou cineastas ao propor em Festa de Família uma tríade pulsante: direção, atuação e roteiro. O filme girava em torno da festa de aniversário do patriarca da família e no decorrer dos atos os segredos de todos eram revelados. Eis que Festa de Aniversário segue a mesma cartilha apresentada por Thomas, porém, extremamente inferior. No lugar do patriarca temos Catherine Deneuve como figura materna zelosa que finge cegueira para os problemas que surgem no decorrer da trama. Cada irmão ao chegar à casa finge harmonia. A proposta inicial é demonstrar a leveza na interação familiar, porém, com a chegada da filha, a previsibilidade logo dá sinais e acompanha o espectador.  Assim como no filme de Thomas, Cédric Kahn  praticamente deixa a direção nas mãos dos atores. Vinterberg possui autoria e é preciso nas reviravoltas propostas no roteiro de Festa de Família. Já Cédric deixa a direção fluir e falta autoria ao conduzir à

Entre o humor e o suspense (Entre Facas e Segredos)

O mistério permeia toda a narrativa de Entre Facas e Segredos. Todos são suspeitos e no tempo apropriado o espectador conhece as motivações e arcos dos personagens. Na trama o patriarca aparece morto após sua festa de aniversário de 85 anos. No decorrer dos atos os parentes mostram as garras e ganância na disputa pela herança de Harlan Thrombley. Tudo é extremamente cordial até a chegada de Benoit Blanc, um detetive peculiar, com habilidades que surgem com o mero acaso. A sintonia nas ações dos personagens movem as pistas do tabuleiro neste jogo de xadrez onde cada um realiza uma jogada certeira para estar sempre a frente de Benoit.  Christopher Plummer  é um escritor famoso que decide modificar seu testamento deixando todos surpresos. Um anônimo contrata os serviços de Daniel Craig para investigar a morte do patriarca e a partir desse momento várias reviravoltas acontecem.  Aos poucos o roteiro trabalha somente detalhes específicos dos personagens fazendo com que todos sejam r

Adultos sendo crianças (Brincando com Fogo)

No filme Brincando com Fogo o espectador sabe exatamente o que vai acontecer em toda a trama. Apesar da previsibilidade o que encanta o público é a inversão de papéis. É nítido a troca na tela: os adultos são as crianças. O trio composto por John Cena, John Leguizamo e Kleegan-Michael Key nitidamente brincam em cena é literalmente carregam o filme nas costas.  O que deixa esse aspecto em evidência é a escolha equivocada das crianças. O trio mirim não possui carisma suficiente e os adultos precisam dar conta do recado. Na trama John Carson é chefe do departamento dos bombeiros paraquedistas e os companheiros de profissão são como irmãos para o protagonista. O ator já virou refém do estereótipo forte e contido nas emoções. Se a nostalgia está em voga, não será coincidência compará-lo com Arnold Schwarzenegger . O timing cômico do ator lembra bastante o do astro dos filmes de ação da década de 1980.  Mesmo que o trio adulto segure o filme existe em vários momentos uma quebra no r

O protagonismo feminino (A Resistência de Inga)

A Resistência de Inga foca no estudo de personagem da protagonista que ao perder o marido encontra motivos para continuar a viver enfrentando o monopólio da empresa local. Mesmo quando o marido ainda era vivo, Inga sabia que existia o monopólio e que os donos das fazendas locais eram reféns de todo esquema realizado por Eyjolfur. O diretor Grímur Hákonarson explora ao máximo o plano geral para ressaltar a melancolia e o vazio da protagonista. Interessante perceber com a mise-em-scène dialoga perfeitamente com a solidão da personagem. A cama está vazia mesmo quando Inga está na companhia do marido. Existe uma divisão que na ausência de Bjössi fica mais evidente. E quando ela se vê literalmente só prefere dormir no sofá. Além dos detalhes que reforçam a separação de corpos dos personagens, Grímur faz questão de posicioná-los separados em diversos momentos ao longo da narrativa ressaltando o confronto de Inga com o chefe da empresa. O diretor também explora a centralização dos pers

Os dois lados da mesma moeda (História de um Casamento)

História de um Casamento foca os dois lados da mesma moeda. A vida do casal anunciando a separação e como cada um lida com a situação. O cartaz de Adam Driver é basicamente representado por uma Nova York fria. Já o de Scarlett é voltado para a ensolarada Califórnia com cores quentes. O diretor Noah Baumbach faz questão de enfatizar que Charlie é constantemente prejudicado com a mudança de Nicole. Ele precisa viajar para não perder a guarda do filho e os trabalhos ficam para trás. O que realmente fica evidente é que cada um sente a separação de forma distinta. E aqui podemos voltar às cores dos cartazes. Apesar de Nicole sentir a todo o momento que o rompimento é drástico, a personagem começa finalmente a ter autonomia e não viver mais em função do marido. Nicole tem objetivos e um emprego próspero. A retomada da carreira artística é uma motivação a mais para superar o divórcio. Enquanto o recomeço de Nicole é promissor, o de Charlie parece não ter rumo. Frio como o cartaz. O r

O vazio que persegue o espectador (Brookling - Sem Pai Nem Mãe)

O cuidado com o filme é sentido na produção e nos demais elementos narrativos. Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe mostra para o espectador a paixão de  Edward Norton  pela sétima arte. O ator está literalmente envolvido em todos os setores do longa. Além de ser protagonista, o ator dirige, escreve e produz. O grande ruído do filme é que apesar de todo o zelo de Eward o filme não possui emoção. Ao longo dos atos o espectador sente constantemente o tempo não passar e as reviravoltas não ganham o peso necessário para fazer a trama ter potencial. Edward vive Lionel, conhecido por muitos como aberração, por sobre da Síndrome de Tourette, mas apesar dos problemas, ele é extremamente hábil ao memorizar acontecimentos e falas. O protagonista trabalha como detetive e vê em Frank o laço paterno que não teve. Com a morte de  Bruce Willis , a trama ganha contornos de suspense policial. O roteiro escrito por Edward tenta manter o foco na investigação do personagem na morte de Frank, mas entre os at

Um excelente curta - metragem (O Juízo)

O Juízo marca uma nova vertente de filmes de gênero no cinema nacional. O longa explora uma trama sobrenatural focada nos conflitos internos de Augusto Menezes. A câmera de Andrucha Waddington intensifica a atmosfera de suspense ao longo dos três atos. Com uma movimentação que explora de forma intensa o casarão onde Augusto se refugia, o espectador se deixa envolver até certo ponto. O diretor utiliza a diversidade de enquadramentos e intensifica ao máximo o primeiro plano para extrair a expressão de tensão na atuação do elenco. No decorrer do filme Andrucha trabalha a mise-em-scène de maneira eficaz evidenciando em determinados momentos de cunho sobrenatural a presença de atores ao fundo desfocados. Além da direção que capta a tensão do ambiente e personagens, a trilha sonora corrobora de forma enfática para o suspense existente na trama. Ela é responsável pelo incômodo que persiste e envolve todos os personagens. A fotografia também é explorada de forma eficaz e natural deixando o

Quebra no ritmo atinge o espectador (As Golpistas)

A fala de Jennifer Lopez é emblemática: "Os caras de Wall Street roubam todo mundo. Não estamos fazendo nada de errado. O que eles vão falar para a polícia? Gastei cinco mil em uma boate?". A ambição move boa parte da trama de As Golpistas. As protagonistas, Destiny e Ramona, se apoiam e compreendem que a única questão acima do dinheiro é a maternidade. Claro que o golpe funciona por um tempo. Parecia perfeito embebedar jovens ricos que trabalham em Wall Street e fazê-los gastar ao máximo. Tudo complica quando a quebra da bolsa nos Estados Unidos afeta todos os setores da sociedade. A boate onde as protagonistas aplicavam os golpes não fatura como antes e os clientes não tem mais dinheiro para gastar. Romana está um passo a sempre e quando reencontra Destiny amplia os "negócios". Para que o golpe tenha êxito é preciso drogar os clientes. O risco é grande, mas a essa altura vale tudo para manter o padrão de vida que tinham antes.  Lorene Scarafina cativa o e

A cegueira e alienação persistem (O Mês que Não Terminou)

O documentário de Francisco Bosco e Raul Mourão vai além dos demais longas políticos lançados atualmente e busca ampliar os lados opostos da direta e esquerda. Os atos exploram o cuidado dos diretores ao enfatizar as consequências do mês de junho de 2013, onde vários movimentos sociais foram para as ruas reivindicar direitos. Do movimento inicial contra o aumento dos valores da passagem de ônibus até o radicalismo extremo da esquerda e direita que culminou na eleição de Jair Bolsonáro. O documentário avança nos anos e explora depoimentos que reverberam e auxiliam na compressão da revolta e raiva que tomou conta do país. Parecia inexplicável como os debates transformaram-se em verdadeiras mini guerras onde todos ainda permanecem cegos e surdos dentro de suas verdades e bolhas virtuais. O filme explica com depoimentos de cientistas políticos, filósofos, economistas e figuras conhecidas dos dois extremos como as ruas foram tomadas por grupos sociais e amplia o olhar do espectador

Dulcina vive intensamente em cada artista (Dulcina)

A diretora Glória Teixeira conta a trajetória de Artista Dulcina de Moraes em um documentário que alterna ficção e realidade. A diretora mescla depoimentos de companheiros dos palcos, alunos e atrizes interpretando a protagonista. As atrizes que interpretam Dulcina também são entrevistadas para relatar momentos memoráveis da atriz. Dentre as características que permeiam todos os depoimentos estão o bom humor e a rigidez da artista com os alunos. Quando o documentário foca em alunos da faculdade em Brasília, alguns relatavam que Dulcina chegava a dar tapas na cara dos alunos quanto eles não faziam o que ela queria.  Sou atriz e minha primeira peça de teatro foi no Teatro Dulcina, no Conic. Sabia da dimensão da Artista que leva o nome do teatro, porém com o documentário a importância de Dulcina para as artes cênicas brasileira me fez repensar o quanto significou ter pisado em um palco tão significativo. A Artista vendeu tudo que tinha no Rio para fincar raízes em Brasília. O teat

Estereótipos reforçados com humor (Alice Júnior)

Alice Júnior é um filme com público-alvo específico: o adolescente. A protagonista é extremamente moderna e cheia de atitude. Ela possui um canal no you tube e nele dialoga abertamente de forma corriqueira sobre aceitação e preconceito. O pai de Alice trabalha em uma empresa voltada para a fabricação de perfumes. Disposto a encontrar uma fragrância diferenciada ele decide mudar para Araucárias do Sul e extrair de uma pinha a essência para um novo perfume. É  o começo do pesadelo na vida da jovem Alice. A cidade pacata e interiorana não está preparada para receber uma jovem trans e do dia para a noite Alice precisa enfrentar batalhas que pareciam vencidas na cidade grande.  Com uma linguagem moderna e inserções constantes na tela o filme ganha um ritmo leve e dinâmico.  A protagonista dialoga diretamente com o adolescente conectado no mundo virtual e a imersão do espectador é imediata para este público alvo. Com uma trilha pop e roteiro causado no humor o roteiro trabalha os est

O reflexo da realidade (Piedade)

A cidade praiana de Piedade carrega consigo o peso da vida real. No filme de Cláudio Assis a frase: " A arte imita a vida" ganha contornos verídicos. Omar faz questão de alertar o sobrinho olhando para a imensidão do mar: " Há muito tempo atrás, isso aqui era cheio de gente". A praia está abandonada e o jovem não pode mais mergulhar no mar. O isolamento da cidade é reflexo da modernidade, onde uma empresa petrolífera, na figura de Aurélio, quer comprar o bar da família de Dona Carminha, o único local que ainda guarda lembranças e resiste ao tempo. A assinatura de Cláudio Assis está no tom de denúncia que percorre toda a narrativa, além do sexo que entrelaça os personagens. Mais o que realmente chama a atenção é  o pé no freio de Assis deixando a abordagem crua que permeava os demais longas para dar passagem ao tom mais sensível ao abordar os arcos dos personagens. O diretor presa por um ritmo mais contemplativo para interligar as subtramas a trama central. A

Atores competentes fazendo arte (A Grande Mentira)

Mirren e McKellen, duas personalidades conhecidas pela versatilidade. Os nomes exercem fascínio no espectador. Ver ambos em cena é sempre uma grata surpresa. Em A Grande Mentira a dupla alterna momentos de protagonismo e domina seus respectivos personagens. No primeiro ato do longa Ian McKellen apresenta ao público um personagem dúbio que vive de golpes. Ao marcar um encontro em um site virtual, Roy conhece Betty e logo formam um casal. A dupla de protagonistas vê um no outro, mais do que a companhia, um acalento para os dias solitários. O espectador sabe que Roy engana Betty desde o primeiro momento. Apesar de o filme focar boa parte no estudo de personagem e no protagonismo de Ian, Helen rouba a cena deixando o público atento aos mínimos detalhes. O diretor Bill Condon  trabalha a atmosfera gerando o suspense necessário principalmente no terceiro ato em que algumas reviravoltas surgem e prendem o espectador. Não existe pressa ao conduzir a trama. Bill deixa nas mãos dos atores

A mensagem que atinge o espectador (Reino Gelado: A Terra dos Espelhos)

O Reino Gelado: A Terra dos Espelhos possui alguns problemas de roteiro, montagem e direção. A animação passa pelos personagens de maneira apressada fazendo com que os espectadores não se importem com a trama apresentada ao longo dos atos. A jovem Gerda vive um dilema de deslocamento dentro na família. Todos possuem poderes mágicos, menos ela que sempre se sentiu diferente. Quando o Rei Harald aprisiona todos os mágicos e seres que não são humanos na terra dos espelhos, a protagonista precisa salvar não somente todos da região como também descobrir o seu valor. O grande problema que está presente durante todo o filme é a pressa ao abordar o arco dos personagens. Não existe o cuidado e tempo para que as reviravoltas sejam assimiladas pelo público. No primeiro ato o cuidado ao apresentar a família de Gerda é explorado de forma coesa. Após a protagonista ter que salvar sua família o roteiro não consegue focar nas subtramas e o longa transmite a sensação de confusão com a entrada de no

Quando a temática ultrapassa o campo da ficção (A Vida Invisível)

Filmes que acompanham a vida do protagonista por décadas geram um envolvimento quase que instantâneo no espectador. Em A Vida Invisível o público torna-se íntimo da vida de duas irmãs na década de 50. Eurídice e Guida são opostos que se atraem. A primeira, introspectiva; a segunda, expansiva. Guida já pensa muito além do seu tempo e reflete sobre o papel da mulher na sociedade. Já Euridíce, na sua introspecção,obedece a figura paterna e se casa abrindo mão dos sonhos. Guida retorna para casa solteira e grávida. Viver em um conto de fadas estava nos seus planos, mas a realidade a fez voltar achando que por estar grávida o pai poderia lhe acolher. Mais uma vez a mordaça feminina é ressaltada na figura materna. Ana recebe a filha de braços abertos, mas o pai impõe a autoridade e é taxativo ao afirmar: "Se você aceitar Guida vai para a rua com ela.". Sem opção, a filha vai embora deixando a mãe com o tormento e a saudade. Ao longo dos atos a trama ressalta a ausência de uma