Pular para o conteúdo principal

Um marco para a sociedade (Pantera Negra)


São várias temáticas relevantes que fazem de Pantera Negra um dos melhores filmes de super-herói da Marvel. São temáticas que reverberam dentro e fora das telas. Imaginar que no ano passado muitas mulheres foram representadas no melhor filme da DC até o momento(do já finado universo compartilhado da DC), a Marvel tem um herói que possui tamanha força para igualar e superar o feito da heroína. Imaginar que em vários cinemas mulheres foram vestidas de Mulher-Maravilha na pré-estreia do filme solo de Gal Gadot foi um marco importante para a representatividade feminina. Nesta semana, os cinemas estão lotados de sessões voltadas para o primeiro herói negro com peso dentro do universo cinematográfico da Marvel. Muitos pequeninos observam um super-herói que os representa. Esse aspecto derruba barreiras como ressalta T'Challa em um dos momentos mais marcantes do filme.

Logo após Guerra Civil, T'Challa retorna e encontra obstáculos para finalmente ser rei: ele precisa vencer o desafio imposto por M' Baku, chefe de uma tribo que não apoia o atual governo de Wakanda e principalmente superar os anseios da pressão de tomar importantes decisões. T'Challa vence o desafio e, assim, Wakanda segue protegida de qualquer  invasão. Cabe a Okoye ser responsável pela guarda do protagonista. Mas como estamos falando de um super-herói, a trama precisa de vilões importantes (em falta no universo do estúdio) e o filme ganha força com a presença de Klaude e Erik Killmonger. Ambos unem forças, ao menos é o que parece, para que Erik consiga entrar em Wakanda.

Além de todas as temáticas importantes abordadas em Pantera Negra é fácil notar referências diretas ao desenho clássico O Rei Leão. A disputa pelo trono, conflitos familiares, um plano astral em que o protagonista consegue dialogar com seu pai, uma conversa franca da pessoa amada...Todo o filme é pura nostalgia intensa da animação. Só faltou mesmo O Ciclo Sem Fim de trilha. Por falar em trilha sonora, ela pulsa e impulsiona a trama em vários momentos. As cenas de luta ganham mais potência pela interação da direção, coreografia e trilha. O melhor de tudo : o espectador acredita no que é proposto. No arco dos personagens, na atmosfera gerada e no poder do roteiro. Pantera Negra vai além do gênero, ele reforça aspectos sociais e políticos com tamanha força que surpreende por ser um filme de super-herói. 


A força do filme transparece e é impulsionada pelo elenco que abraça a importância e o alcance da trama. Pantera Negra não é somente o filme solo de um herói negro, o filme carrega a marca de uma nova roupagem para o gênero. O poder de Lupita, Danai e Letitia em cena é de encher os olhos de orgulho. Impossível pensar no arco do protagonista sem a presença do trio. Todas possuem arcos intensos e significativos para a trama. Inteligência, força e independência defenem as personagens. Por outro lado, o elenco masculino também está primoroso. Chadwick Boseman consegue intercalar e manter a dualidade do rei e herói. Pasmem, a Marvel finalmente entregou o que os fãs tanto esperavam: um vilão com motivação tangível. Michael B. Jordan expressa toda revolta compreendida pelo espectador em cada cena. Uma pena mesmo foi Andy Serkis ter sua participação reduzida, mas guarra sônica deixou sua marca insana pelo caminho.

Ryan Coogler mostra que possui autoria e propriedade no filme. Ele deseja entregar não somente o puro entretenimento, mas também um avanço ao demonstrar que o roteiro de um blockbuster de quadrinhos pode e deve tocar em temáticas relevantes. A representatividade do herói é tão intensa que o filme tem luz própria. Funciona como filme único dentro do universo repleto de heróis brancos. Pantera Negra não é somente um marco para o gênero . É um marco para a sociedade. 

Comentários

Unknown disse…
As mensagens dentro do filme a tornam atraente e diferente de tudo que a Marvel faz. Michael B. Jordan é um dos meus favoritos, acho que ele fez um ótimo trabalho como Killmonger. Seu novo projeto com a HBO será incrível. Fahrenheit 451 será um dos ficção cientifica melhores filmes de 2018. O ritmo do livro é é bom e consegue nos prender desde o princípio. O filme vai superar minhas expectativas. Além, acho que a participação de Michael B. Jordan e Michael Shannon neste filme realmente vai ajudar ao desenvolvimento da história.
Paula Biasi disse…
Este comentário foi removido pelo autor.

Postagens mais visitadas deste blog

Entretenimento de qualidade (Homem-Aranha no Aranhaverso)

Miles Morales é aquele adolescente típico que ao grafitar com o tio em um local abandonado é picado por uma aranha diferenciada. Após a picada, a vida do protagonista modifica completamente. O garoto precisa lidar com os novos poderes e outros que surgem no decorrer da animação. Tudo estava correndo tranquilamente na vida de Miles, somente a falta de diálogo com o pai o incomoda, muito pelo fato do pai querer que ele estude no melhor colégio e tudo que o protagonista deseja é estar imerso no bairro do Brookling. Um dos grandes destaques da animação e que cativa o espectador imediatamente é a cultura em que o personagem está inserido. A trilha sonora o acompanha constantemente, além de auxiliar no ritmo da animação. O primeiro ato é voltado para a introdução do protagonista no cotidiano escolar. Tudo no devido tempo e momentos certos para que o público sinta envolvimento com o novo Homem-Aranha. Além de Morales, outros heróis surgem para o ajudar a combater vilões que dificultam s

Vin Diesel e Lua de Cristal (Velozes e Furiosos 10)

"Tudo pode ser, se quiser será Sonho sempre vem pra quem sonhar Tudo pode ser, só basta acreditar Tudo que tiver que ser, será".   Quem não lembra da icônica música da Xuxa, no filme Lua de Cristal? O que a letra está fazendo no texto de Velozes e Furiosos 10? Nada, ou tudo, se você quiser, será! A letra possui ligações com o filme de Vin Diesel  pelo roteiro repleto de frases de efeito e por Jason Momoa, que mais parece um desenho animado do programa da Rainha dos Baixinhos, que aquecia o coração das crianças nas manhãs da Globo. A música persegue o filme porque Xuxa tinha como público- alvo as crianças, certo? Ok, como definir o vilão de Jason? O personagem é estremamente caricato. A forma como o ator proporciona risos no espectador é digno de coragem. A escrita é legítima e verdadeira. É preciso coragem para fazer um personagem que sempre está na corda bamba e pode cair à qualquer momento, porém, Jason segura às pontas e nos faz refletir que ele é mesmo um psicopata que no

Um pouquinho de Malick (Oppenheimer)

Um dos filmes mais intrigantes que assisti na adolescência foi Amnésia, do Nolan. Lembro que escolhi em uma promoção de "leve cinco dvds e preencha a sua semana". Meus dias foram acompanhados de Kubrick, Vinterberg e Nolan. Amnésia me deixou impactada e ali  percebi um traço importante na filmografia do diretor: o caos estético. Um caos preciso que você teria que rever para tentar compreender a narrativa como um todo. Foi o que fiz e  parece que entendi o estudo de personagem proposto por Nolan.  Décadas após o meu primeiro contato, sempre que o diretor apresenta um projeto, me recordo da época boa em que minhas preocupações eram fórmulas de física e os devaneios dos filmes. Pois chegou o momento de Oppenheimer, a cinebiografia do físico que carregou o peso de comandar a equipe do Projeto Manhattan,  criar a bomba atômica e "acabar" com a Segunda Guerra Mundial. A Guerra Fria já havia começado entre Estados Unidos e a Alemanha, no quesito construção da bomba, a ten